terça-feira, 28 de agosto de 2012

Tireoide e a Alimentação

E quem já não ouviu 'estou gordinha (o) porque tenho hipotireoidismo'? Algumas pessoas concluem que, se desenvolvem problema na tireoide, ficarão para sempre acima do peso. Então, tirarei algumas dúvidas aqui.

A tireoide é uma glândula localizada na região anterior do pescoço. A sua principal função é produzir os hormônios tireoidianos: T3 e T4. A tireoide produz principalmente o T4 e este é transformado em T3, que é o hormônio ativo e se liga a receptores das nossas células estimulando o funcionamento delas. O hormônio tireoidiano age em praticamente todos os órgãos, estimulando várias funções, como se fosse a gasolina do corpo humano. Ele controla os batimentos cardíacos, controla os movimentos peristálticos do intestino, é responsável também pela manutenção da temperatura corporal, humor, memória e outras funções cognitivas, age também no osso, músculo entre outro variadas funções.

Há muito tempo o maior problema relacionado com a tireoide, era o Bócio endêmico, por falta de iodo. Hoje, no Brasil é muito raro encontrar essa doença, devido à implementação do iodo no sal de cozinha há mais de uma década.

Mas hoje o que preocupa a população é que a tireoide pode ter dois tipos de disfunção: o hipotireoidismo, quando funciona menos do que o necessário; e o hipertireoidismo, que é quando a glândula produz hormônios de forma excessiva. Essas disfunções são geneticamente herdadas.

No hipotireoidismo há sim um ganho de peso, mas é muito pequeno, em torno de 2 a 3 kg, por causa da doença em si. Se houver um ganho de peso maior, deve-se principalmente a falta de exercícios físicos e má alimentação. Já no hipertireoidismo, o paciente emagrece, pois ocorre um aumento do metabolismo e gasto energético.

Mas essas disfunções causam alteração transitória de peso enquanto o indivíduo não está sendo tratado. Uma vez que está recebendo o tratamento adequado, o peso fica independente da doença, devendo-se somente aos hábitos do indivíduo.

Especialistas descrevem os principais sinais e sintomas dessas doenças.
Hipotireoidismo:
- Alteração no humor como desânimo e até depressão;
- Memória comprometida;
- Distúrbio do sono;
- Pele seca;
- Queda de cabelo;
- Intolerância ao frio (sente mais frio que o normal);
- Pálpebras, pernas e mãos inchadas;
- Obstipação;
- Nas mulheres pode haver alteração no ciclo menstrual e em ambos os sexos pode haver diminuição da libido.

Hipertireoidismo:
- Agitação;
- Irritabilidade;
- Insônia;
- Cabelos finos e unhas quebradiças;
- Intolerância ao calor (sente mais calor do que o normal);
- Aumento da frequência de evacuações, podendo ter diarreia;
- Alteração no ciclo menstrual (diminuição do intervalo e alteração de fluxo);
- Taquicardia e tremor das mãos.
Se este não tratado, ainda em longo prazo, pode causar consequências mais graves, como arritmias cardíacas, etc.

E o que a nutrição pode ajudar? 
Bom, primeiramente que, evitar alguma alteração da tireoide é um pouco complexo, pois é mais carga genética mesmo, mas alguns alimentos favorecem o bom funcionamento da glândula, podendo evitar que surja algum comprometimento dela. São eles: iodo - encontrado no sal de cozinha e frutos do mar; o selênio - encontrado em castanhas, nozes e carne vermelha; o magnésio - encontrado em cereais integrais, amêndoa, avelã, frutos do mar e aves; vitamina C - encontrada na acerola, limão, laranja, goiaba, etc.; e a vitamina D, sendo a gema do ovo uma boa fonte, lembrando que a vitamina D só é ativada no nosso corpo em contato com o sol, por isso, pegar sol é fundamental !

Em casos que a doença já se manifestou, o ômega 3 e o selênio serão fundamentais nesse processo. Além de ser crucial cuidar muito bem do intestino e desintoxicar o fígado, pois este, sobrecarregado de toxinas, fumaça, poluição, uso de agrotóxicos entre outras sobrecargas, não será capaz de fazer um bom trabalho, o que pode acarretar na incapacidade de converter o hormônio T4 em T3.
Vale lembrar que deve-se sempre ter um equilíbrio desses nutrientes, pois o excesso também pode acarretar em alguns problemas. 

Procure um nutricionista, ele saberá indicar as quantidades certas para prevenção e/ou tratamento.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Nutrição e Candidíase - Uma relação íntima

Acredita-se que cerca de 75% das mulheres tenham tido pelo menos um episódio de candidíase vulvovaginal na sua vida. Ela é caracterizada por uma infecção causada por fungo (a que afeta de 80 a 90% dos casos é a Candida albicans), e este é um dos problemas femininos mais comuns que existem. As condições que favorecem a proliferação fúngica, associada à ação de substâncias produzidas pela fermentação de alimentos para sobrevivência dos fungos, podem gerar inúmeros sintomas no nosso organismo. 

Especialistas denominam: "a candidíase é caracterizada por corrimento branco, às vezes, amarelado, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso (leite coalhado), levemente aderido à parede vaginal acompanhada de purido vulvovaginal (coceira). Pode ocorrer ardor ou dor ao urinar, dor nas relações sexuais, hiperemia, edema e fissuras."

Como falei aqui no post anterior, nosso organismo possui bactérias boas e ruins (patogênicas), além de fungos e comensais. Mas o que difere se isso nos fará bem ou não, é o equilíbrio. O desequilíbrio entre esses microrganismos, gera um processo chamado 'disbiose', é aí que a nutrição entra.
As bactéria probióticas (boas) competem com as patogênicas e com os fungos por locais de fixação nas mucosas e pelo nutrientes, por isso que para evitar a candidíase de repetição, seja necessário a intervenção para tratar a disbiose intestinal. 

Alguns fatores podem influenciar no desencadeamento dessa doença, como por exemplo:
- O estresse (causando imunossupressão - baixa imunidade);
- Uso de antibióticos, laxantes, anticoncepcionais, antiácidos e corticóides (por alterar a microbiota intestinal e gerar desequilíbrios nutricionais);
- Erros alimentares - consumo regular de açúcar e carboidrato simples, entre outros erros. Destacando que o açúcar é o principal alimento dos fungos;
- Baixo consumo de frutas e verduras, grãos integrais e outros alimentos saudáveis (por gerar a disbiose);
- Outras causas.
Uma vez feito o diagnóstico de candidíase de repetição é importante descobrir a causa do problema, para agir corretamente e conseguir fazer de vez com o problema. Um médico juntamente com um nutricionista poderá te ajudar. 

A nutrição irá auxiliar no tratamento da cândida através de suplementos com atividade antifúngica (óleo de orégano, entre outros), suplementos para tratamento da disbiose (probióticos e prebióticos), imunomoduladores (substâncias que atuam no sistema imunológico), antioxidantes, chás com ervas antifúngicas, entre outras coisas que só um nutricionista poderá prescrever. 


Lembrem-se, apesar de a cândida ser algo 'normal' e mesmo que seja necessária a utilização de medicamentos e/ou fitoterápicos, somente com o resgate de bons hábitos e comportamento alimentar, poderá ocorrer uma modificação dos fatores que facilitam a proliferação fúngica e, modulam o sistema imunológico, mantendo os fungos sob controle.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Probióticos e Prebióticos

A nossa microbiota intestinal é composta basicamente por bactérias que são adquiridas no nascimento e colonizam o intestino permanentemente, podendo ser boas ou ruins e devemos sempre tentar manter o equilíbrio, pois elas estão envolvidas nas defesas do intestino. 

Alguns fatores podem influenciar negativamente a microbiota, como uma alimentação desbalanceada, com baixo consumo de frutas e verduras e alto consumo de alimentos processados, estresse, idade e uso indiscriminado de antibióticos. Quando ocorre este desequilíbrio, chamado de disbiose intestinal, pode ocorrer uma série de problemas, como uma menor síntese de absorção de nutrientes, produção de substâncias cancerígenas, além de outras doenças.


Os probióticos são as 'bactérias boas' que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são microrganismos vivos (leveduras ou bactérias) que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. 

Os probióticos tem a função de tratar a disbiose, diminuir os sintomas alérgicos, melhorar o funcionamento do intestino, aumentar a absorção de vitaminas e minerais, diminuir infecções virais e melhorar a função imunológica do organismo. 

Já os prebióticos são nutrientes não digeríveis, fibras solúveis e fermentáveis que atuam de forma benéfica na microbiota por serem 'alimentos' para os probióticos, estimulando a proliferação de bactérias desejáveis no cólon, e são encontrados nos seguintes alimentos: chicória, alcachofra, cebola, alho, tomate, banana, cevada, centeio, mel, maracujá, maçã, soja e aveia.

Curiosidade: os probióticos são acrescidos normalmente nos leites fermentados e iogurtes, pois estes produtos já sofreram algum tipo de otimização para a sobrevivência de organismos de fermentação. Também encontra-se os probióticos em forma de comprimidos, cápsulas e sachês.

Consulte um nutricionista.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Importância do Aleitamento Materno

"Se fosse disponibilizada uma vacina que pudesse prevenir a morte de um milhão de crianças ou mais por ano e que, além disso, fosse barata, segura, de administração oral e não exigisse uma cadeia de frio, este tornar-se-ia numa prioridade imediata de saúde pública. A amamentação pode fazer tudo isso e mais ainda, mas precisa de uma cadeia quente de apoios, ou seja, cuidados profissionalizados que permitam às mães ganhar confiança e lhes mostrem o que fazer e as protejam de más práticas" (Lancet, 1994).

Esta citação publicada na revista inglesa The Lancet, 1994, mostra perfeitamente que amamentar é muito mais que apenas alimentar o bebê. Do dia 01 ao dia 07 de agosto, celebrou-se a Semana Mundial do Aleitamento Materno e não há data melhor para falar dos benefícios do leite materno do que esta.

Ouve-se falar muito sobre as vantagens que aleitamento materno traz, mas o que especificamente ele faz, muitos ainda não sabem. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade, não sendo necessária nem a inclusão de água, mesmo em dias muito quentes, pois o leite materno é completo. Ele contém todas as proteínas, açúcar, gordura, vitaminas e água que o seu bebê necessita para crescer saudável. Além disso o leite humano contém elementos protetores e responsáveis pela formação do sistema imunológico, como anticorpos e as imunoglobulinas, ausentes nos leite de vaca e nos leites processados (em pó). Apenas a partir dos seis meses de idade que a criança deve receber alimentos complementares (papas, sopas, etc) gradativamente, mas ainda assim, manter o aleitamento materno, por pelo menos até 2 anos de idade.

Porém, nos dias de hoje, há um grande número de mulheres que trabalham fora de casa e elas precisam voltar a trabalhar antes que o bebê complete seis meses de vida, atribuindo na rotina de seu filho, as fórmulas infantis. Muitas vezes, a mãe gostaria de amamentar seu filho por mais tempo, mas não tem apoio da família ou da sociedade. O que muitas não sabem, é que ao procurar um profissional da área, estes podem ajudá-las a esclarecer como lidar com a situação e resolver o problema da melhor forma possível, podendo muitas vezes continuar dando o seu leite, mesmo não estando presente.

O leite materno melhora o desenvolvimento mental do bebê, previne infecções gastrintestinais, respiratórias e urinárias, têm um efeito protetor sobre as alergias, além de ajudar a criança a ser menos susceptível a ter obesidade, problemas futuros de intestino entre outras doenças.

Mas as mães ganham muita vantagem também ao amamentar. Além de ajudar a queimar calorias, fazendo com que seu peso pré gestacional volte mais rapidamente, ajuda também o útero regressar ao seu tamanho normal mais rápido. Entre outros inúmeros benefícios como prevenir câncer de mama e de ovário, previne também a osteoporose e a anemia. Sem contar no custo benefício, que é zero e no vínculo afetivo que a mãe cria com seu filho.

E mamães que retiram seu leite para darem para o seu filho, atenção: o seu leite da manhã não deve ser dado a noite e o leite da noite não deve ser dado de manhã. A mãe vai fazendo o leite conforme passar o dia. O leite da manhã é feito para seu bebê ficar acordado e o da noite para ele dormir. Se o leite da manhã é dado para o seu filho a noite, ele vai ficar acordado a noite e vice versa. 

Profissionais de saúde, vamos incentivar mais o aleitamento materno. E mães, priorizem o bem estar de seu filho amamentando-o. Em caso de dúvidas, consulte um profissional adequado.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Os Segredos de Cada Alimento

Quantas vezes se ouve falar em incluir frutas, legumes e verduras na rotina alimentar para prevenir doenças? Muitas, certo? Mas o que não se fala, é o modo como eles devem ser preparados, pois isso influencia diretamente na quantidade de vitaminas, proteínas e minerais que serão utilizados pelo seu organismo na tarefa de resguardar a saúde.

A maioria dos alimentos perdem muitos nutrientes quando cozidos e outros já ficam mais bio disponíveis quando em contato com o fogo, como é o caso do tomate. O que ocorre nesse caso nutrientes, é que com o cozimento as moléculas de água se partem, deixando o nutriente livre. O acréscimo de um fio de azeite facilita ainda mais a absorção. Outro nutriente potencializado pelo cozimento é o betacaroteno encontrado em vegetais alaranjados, como a cenoura. Consumi-los um pouco cozidos, pode ser mais útil. 

Essa questão varia muito de nutriente para nutriente. Se o alvo for por acaso a vitamina C, sem dúvida é melhor ingerir o alimento cru e fresco. 

Dito aqui a forma de preparo correta de alguns alimentos:

Espinafre - Fonte de vitamina A, E, ferro e cálcio. Este alimento cru, contém nitrosamina que oferece risco à saúde. Deve-se cozinhar e jogar a água fora.
Repolho, brócolis e couve - Fonte de ferro, potássio, fibras e antioxidantes. Deve-se refogá-los rapidamente, para deixar crocante. Use um fio de azeite e acrescente gotas de água aos poucos.
Peixes - Fontes de gorduras insaturadas (gorduras boas), proteína e ômega 3. Excluindo a fritura, qualquer forma de preparo será bem vinda. Evite deixar o peixe no suco de limão. A acidez da fruta resseca e o deixa menos digestivo. Troque por vinho branco ou laranja.
Carne bovina e frango - Fonte de proteína, ferro e vitaminas do complexo B. O ideal é grelhar em fogo alto e em panela grossa. Isso impede a perda de água, que leva junto vitaminas e minerais.
Ovo - Fonte de proteína, aminoácidos (colina), ferro e enxofre. O ideal é cozinhar por seis minutos. Se ficar mais de dez minutos, perde a maior parte do ferro. Fritar, nem pensar. A não ser que seja frito em água (pochê). Ovos mexidos e omelete também são uma boa pedida.
Leite - Fonte de cálcio, proteína e gorduras. Beba aquecido ou frio. A fervura faz a proteína se solidificar e formar a nata, que geralmente é descartada. 
Batata - Fonte de carboidrato e contém boas fontes de fósforo e potássio. Evitar tirar a casca, ela protege os nutrientes. Isso aumenta a quantidade de fibras e a sensação de saciedade. Mas lave-as bem, deixe de molho em tintura de iodo a 2% por 1 hora, tampado (para cada litro de água, você se põe 5ml).
Cenoura - Fonte de betacaroteno. Cozinhe no vapor com azeite ou refogue rápido para não amolecer.
Tomate - Rico em licopeno. Suas substâncias são mais concentradas em forma de molhos ou polpas.

Com essas dicas dá para aproveitar muito mais o seu alimento e fazer dele uma prevenção para doenças. Ter uma alimentação saudável não significa comer mal, sem sabor e sem prazer. Dá sim para ser saudável sem grandes sacrifícios.

"Que seu alimento seja seu remédio e que seu remédio seja seu alimento." (Hipócrates)